terça-feira, 3 de setembro de 2013

Comentando, criticando e adorando - Pacific Rim (Círculo de Fogo).


 Hoje tenho o prazer de trazer a crítica do "filminho" Pacific Rim (Círculo de Fogo). Sei que já estreou há milênios, e pior, eu vi na estreia, mas me deu na telha de fazer um post para o Blog agora. Me apedrejem se quiserem (peraí, não! Esqueçam esse negócio de pedras). Mas enfim, temos aqui o projeto mais troglodita que Guillermo Del Toro fez até hoje, e para quem ainda duvidava, a prova de que o cara tem muita competência para fazer um 'Nas Montanhas da Loucura' e ainda sair sambando na cara de quem o rejeitou (para quem não sabe, o diretor tenta fazer essa adaptação do livro de Lovecraft há anos, mas sempre fora rejeitado!). Enfim, vamos aos papos agora?

 Bem, vamos começar falando sobre a vidinha meio depressiva do diretor Guillermo Del Toro ultimamente. O gordinho mexicano simpático e mais geek do Cinema é famoso por seus títulos de terror (geralmente atrelado ao gótico), pelo menos foram os que mais deram o que falar, mas na verdade o cara já mergulhou em todo tipo de produção. Sucessos como Cronos (1993) - pelo menos no México -, A Espinha do Diabo (2001), Hellboy (2004), O Labirinto do Fauno (2006), etc. São vários títulos, isso é certo, e renderam muita grana. Certo. Mas Guillermo sempre quis expandir seu leque ainda mais, e sempre deixou claro, para quem quisesse ouvir, que queria (MUITO) fazer uma adaptação de um dos livros mais famosos de H.P. Lovecraft para os Cinemas. E com a grana que ele foi fazendo com o passar dos filmes e, claro, fama, ele achou que agora (não agoraaa! Uns aninhos atrás) seria o momento perfeito para tirar este engavetado projeto da mesinha e tentar vender seu peixe para os grandes estúdios (afinal o filme teria um orçamento abissal, como diria Lovercarft). Mas foi um tapa na cara do coitado. Não quiseram transformar o seu projeto em realidade (utilizaram o orçamento como desculpa e que um filme baseado numa obra de Lovecraft não poderia, jamais, render lucros depois de tantos gastos). Aí acabou-se o que era doce e Guillermo caiu em depressão. Tentou retornar com um projeto (beeem promissor) de um jogo repleto de horror e puzzles que se passaria num universo online. Já estava tudo certo (sairia pelo estúdio THQ). Quando, novamente, BAM! Projeto cancelado! Era demais para o coitado. Ele deu uma sumida. A mídia disse que ele tinha virado recluso. Foi aquele momento "Caramba, não! O cara só fez coisa boa, não pode sumir!". Mas aí, do limbo, ele ressurge. Revoltado, titânico, querendo mostrar pro mundo que ele pode mexer com muito dinheiro e trazer um retorno considerável. Ele estava anunciando Pacific Rim.


 O que bulhufas era isso? Pelo menos foi o que as massas se perguntaram. Ele só respondia "É um filme de monstros!". Tá, ok. Ele dizia que seria algo grande. Ok, melhorou muitooo a informação, mas tudo bem. Eu só sei que, da minha parte, eu esperava algo muito bom assim que o projeto fora anunciado. Afinal, em meio a estas pistas que não diziam nada com nada, o diretor deixava sempre claro que ele estava colocando tudo que ele gostava e que sempre quisera fazer com um filme. Um mix de tudo, mesmo. Não tinha como esperar algo ruim. Certo? Certíssimo! Animes, games, HQs, horror, ação, gore, drama......é tudo isso e mais um pouco. Sem tirar nem pôr. Foi tudo tão bem valorizado neste filme, e tão bem explorado, que fica difícil citar algo de ruim nele. Talvez seja pelo fato de que...Não! O filme não tem defeitos! E agora vamos aos porquês e mimimis.

 Primeiro vamos falar de onde o filme se situa. Bem, seria um futuro onde monstros imensos chamados Kaiju começaram a surgir de uma fenda localizada no fundo do Oceano Pacífico. A humanidade, desesperada, tenta de tudo, até fechar a fenda, mas nada dá certo. Até que resolvem construir "máquinas" de guerra que possam enfrentar os Kaijus diretamente. Seriam estas chamadas de Jaegers, que foram criadas a partir do "Programa Jaeger". Estas máquinas nada mais são do que robôs gigantescos que são controlados por humanos de forma direta, ou melhor, internamente. Começa aqui uma rede de homenagens a uma penca de coisas. Temos, logo de início, o fato de que os monstrengos que vêm do oceano aparecem em maior número sempre em Hong Kong. O foco, meio que direto, é sempre o Oriente. Encontramos aqui meio que uma indireta de Del Toro para a Cultura Oriental. Daí começam a jorrar flashes de homenagens a Animes, Tokusatsus, Doramas, etc. Tudo bem que isso que citei são coisas vindas do Japão, e não da China, mas estou falando daquela Região como um todo, afinal são áreas bem próximas.


 Os Jaegers, nada mais são, do que representações de um gênero muito famoso dos animes: o Mecha. São aqueles animes onde robôs gigantes controlados por humanos, seja internamente ou de alguma parte externa, sempre lutam contra algum tipo de mal (geralmente alienígena), Para quem quiser ficar mais por dentro, procure por títulos como 'Macross', 'Gundam Wing', 'Gurren Lagann', etc. Tudo bem que temos exemplos Ocidentais de tal coisa, como 'Transformers', mas eu não cito porque o próprio fora inspirado no gênero Mecha, tanto que ele não deixa de ser um Mecha. Tem 'Power Rangers' também, mas é a mesma coisa, veio de um Tokusatsu. Nem tem mais o que falar, né? Enfim, mas eu preciso comentar a respeito de uma homenagem que, na minha opinião, foi a maior: ao clássico anime Evangelion (que tem muito Mecha, mas eu não o classificaria assim, pois o drama é o centro de tudo). Vamos aos porquês. Primeiro, deixo aqui algumas imagens do anime em si, para futuras comparações bem diretas.




 Eu não vou falar sobre 'Evangelion' em si, mas das comparações que surgem a todo tempo em 'Pacific Rim'. Primeira coisa observada: os tais Kaiju são representações dos tais "Anjos" que vêm do "Espaço" em Evangelion. A diferença em Pacific Rim é que eles vêm do fundo do mar e têm uma aparência mais grotesca (até pré-histórica). Em Evangelion a humanidade já enfrentou dois dos chamados "Impactos" e, para evitar o Terceiro, uma organização paramilitar chamada NERV começa a construir um novo País abaixo da Terra (ou mais diretamente, abaixo do Japão - este já quase que totalmente destruído), e lá mesmo, em sua base de operações, constroem também os chamados EVAs (Unidades Evangelion - os "robôs" da imagem acima). Estes robôs só podem ser controlados internamente, e de forma quase que psíquica (um link mental é mantido através de uma conexão direta do piloto com a máquina). Quem viu Pacific Rim sabe que é praticamente a mesma coisa. A diferença de Pacific é que lá o robô não pode ser controlado por uma só pessoa (pois esta não suportaria a pressão psicológica e o "peso" do robô, por isso a divisão entre duas pessoas), e em Evangelion quem controla as unidades EVAs são crianças (e apenas as "escolhidas" para cada unidade - tudo gira em meio a um mix de interpretações bíblicas e outras religiões, mas não entrarei em detalhes), e elas não ficam de pé praticamente controlando um Kinect, como em Pacific Rim (hahahahah).


 Pronto, estas seriam as coisas mais diretas que percebi de Evangelion, ou seja, praticamente todo o contexto, mas agora vamos às outras coisas. Tem isso tudo que falei, tam também Godzilla, mas também tem Vídeo Games! Primeiro destaco a utilização da voz da GLaDOS (a robô maquiavélica do famoso 'Portal' e 'Portal 2' da Valve) para interpretar a IA (Inteligência Artificial) que comanda a base dos Jaegers. Eu mesmo me senti dentro do jogo correndo da GLaDOS (hahahahah). Eu não vou sair soltando spoilers bizarros do filme, por isso não poderei falar quais as comparações entre o próprio game 'Portal' e o 'Mass Effect' (sim, ele está aqui!). Isso tudo fica meio indireto nos momentos finais do filme, mas estão lá. Temos também muuuito H.P. Lovercaft aqui, sempre! Eu já apostava nisso, pois Guillermo Del Toro não deixaria Lovecraft de lado neste filme, de forma alguma. Certas ambientações, a fenda marítima, a aparência de alguns monstros, e até o final, tudo reflete Lovecraft, é só prestar atenção aos detalhes. Ou seja, Del Toro conseguiu unir tudo isto de forma única, é por isso que o filme me deixou, a todo momento, nostálgico. Sem mais!

 Falei de comparações, mas agora vamos à história em si? Sei que já falei um bocado sobre ela entre uma comparação e outra, mas ainda tem muito mais. Uma coisa que se destaca de vez em outra no filme são os conflitos pessoais dos personagens. Cada qual com seus problemas e interesses nesta "guerra de monstros". O mundo passa por um processo muito caótico, e isso, claro, gera diversas consequências. Além do fato dos Kaijus e Jaegers estarem na mídia a todo momento. A humanidade só vive para uma coisa: temer. Porém os Jaegers x Kaijus tornam-se uma forma da humanidade ter esperança e um novo tipo de herói, ou heróis, surgem. Raleigh Becket, um piloto de Jaeger (juntamente com seu irmão - uma coisa que esqueci de citar é que a "ligação" entre os dois pilotos precisa ser muito forte para poder controlar o Jaeger com êxito total. Porém não necessariamente parental, só para deixar claro), sofre uma estrondosa perda logo no início do longa, e isto reflete diretamente nos acontecimentos posteriores. Ele e seu irmão eram, na época em que pilotavam, uns dos mais famosos pilotos de Jaeger, e por isso eram adorados. Porém, depois do desastre, tudo muda. Teremos aqui uma busca por "vingança", momentos de redenção, atos extremamente heróicos e altas doses de drama. Isso tudo entrelaçado à estrondosos efeitos especiais e uma Fotografia de cair o queixo!


 A verdade é que é difícil seguir em frente no Roteiro e não sair soltando spoilers, mesmo! Um fato inegável de Pacific Rim é que ele tem uma história basicamente simples. Sim. Direta ao ponto. É isso e isso. Com seus momentos heróicos e tal. Mas isso não faz dele ruim, mesmo! Eu entendi que Del Toro quis fazer um filme-homenagem ao seu mundo pessoal geek. Criou uma história em cima disso e pronto. Não espere um roteiro brilhante e original (afinal tem inspirações de todos os ângulos) ou interpretações incríveis (cada personagem aqui tem seu peso e momento, então são bastante equilibrados). Mas há os destaques de elenco, claro: o próprio Raleigh consegue ser contido mesmo com uma interpretação rasa (bem caricata também, o herói galã, modesto e bondoso que todos adoram adorar. Mas era pra ser isso mesmo); a japonesa Mako Mori (Rinko Kikuchi), que sofrera um devastador trauma, assim como o Raleigh, e consegue ser a nerd mais simpática e pura a todo momento - não tem como não gostar dela!; temos o Stacker Pentecost (Idris Elba), que consegue ser aquele comandante seguro de si e bastante exigente, mas ao mesmo tempo uma pessoa sincera e humilde; o Chuck Hansen (Robert Kazinsky - mais conhecido pela nova temporada de 'True Blood', blehh!), é aquele cara que foi colocado ali pra ser o vilãozinho "Malhação" irritadinho e que atira pra todos os lados pra ferrar com a vida do mocinho e da mocinha; o Hannibal Chau (Ron Perlman - famoso pelo Hellboy!), que só vem aparecer lá pela metade do filme (num momento surpresa!) mas que é sempre uma contagiante comédia - as tiradas dele são ótimas; e deixei por último a dupla de cientistas bizarros, o Dr. Newton Geiszler (Charlie Day) e Gottlieb (Burn Gorman), que são umas peças e, mesmo atrapalhados, conseguem ajudar sempre (é uma coisa meio Professor Girassol, de 'Tintin').


 As partes técnicas do filme, creio eu, são as que merecem a real atenção (isto é fato!). Principalmente os efeitos especiais, que são extremamente realistas. Eu vi o filme em sua versão "normal" e não senti nem um pouco de falta do 3D (vale ressaltar que o próprio Del Toro não queria lançar versão 3D, mas fora obrigado pelo estúdio por causa da modinha, óh!). Não acho que o 3D tenha ficado ruim, mas eu garanto que não foi necessário, pois senti na versão normal um efeito inigualável. Tudo foi grandioso. E isso somado à Fotografia de primeira, sem palavras! É tudo tão real que salta aos olhos, mesmo. Só vendo na telona para saber o efeito. Temos também uma trilha sonora impecável. Simples, porém feita de forma que se encaixasse a cada momento da melhor forma possível, e consegue isso com honras. Assim que cheguei em casa (no dia em que vi o filme) precisei correr para baixar a trilha (hahahaha).

 Eu acho que eu já falei tudo que tinha para falar. Ou não! Mas enfim, o principal está aí. E, retomando um pouco da minha fala inicial do post, eu espero (MESMO!) que os grandes estúdios tenham enxergado esta produção como algo realmente significativo para o entendimento de que o Guillermo Del Toro pode fazer com um filme que envolva muitos efeitos especiais (isso já estava claro antes, mas não custa reiterar!), grandioso ao extremo, com diferentes tipos de cenário e que envolva muito dinheiro (isso é o principal, né?). É pedir demais um "Nas Montanhas da Loucura" agora, pessoal!? ;)

 É isso, espero que tenham gostado e aguardo comentários! Vai ter gente negando as comparações? Com certeza! Como também pessoas que, tenho certeza, concordam comigo. Mas é isso. Estou sempre esperando comentários, certo? Abraços e até o próximo post!


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