quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Danganronpa: Kibou no Gakuen to Zetsubou no Koukousei – The Animation (ou, simplesmente, Danganronpa: The Animation)


 Resolvi falar sobre animes, e esta nova temporada está bem razoável (numericamente falando), mas entre os poucos que realmente valem a pena, existem algumas pérolas. É aí que 'Danganronpa' entra. Temos aqui uma coisa meio Battle Royale com toques de Jogos Vorazes e ainda um curioso caso a la Phoenix Wright. "Mas, tudo bem, o que bulhufas são essas coisas aí que você mencionou?". Eu sei que talvez muitos não conheçam estas referências do mundo geek, portanto vou resumir Danganronpa em: um grupo de 15 estudantes são jogados numa escola por um urso psicopata e são obrigados a entrar num jogo de vida ou morte onde, para sair vivo, é necessário matar e, para piorar, não é só isso - é necessário também ser inteligente o bastante para ocultar todas as pistas do assassinato e fazer com que todos errem (num tribunal) o culpado e, assim, somente o assassino saia ileso do colégio hell. Bizarro? Você ainda não viu, ops, leu nada.


 Vejamos. Creio que seja necessário, para falar na íntegra sobre o contexto de Danganronpa, mencionar algo crucial: o anime é uma adaptação direta da visual novel de mesmo nome (só tirando o The Animation) que saiu em 2010 para o PSP. Então será que o anime, que ainda não terminou (terão 13 episódios e até agora saíram 11) está sendo fiel? Eu posso dizer que sim. Pois, pelo que eu joguei (através de emulador para computador), digo que o anime, mesmo correndo muito (pois a história do jogo é longa e dividida em arcos), está entregando todos os pontos principais presentes no game. O que é algo incrível, e eu não esperava que fosse possível. Está se saindo quase tão bem quanto o anime de Umineko no Naku Koro ni (também uma adaptação da visual novel de mesmo nome), porém ainda melhor, afinal Umineko tivera 26 episódios (mas claro que a história de Umineko é bem mais complexa).

 Pelo fato de estar sendo mais corrido, e mesmo não atrapalhando em nada o entendimento dos acontecimentos da história, eu indicaria que jogassem a visual novel, pois esta é excelente. É bem diferente, no sentido de ser uma visual novel padrão (clicar, ler, fazer escolhas em diálogos) somada a um verdadeiro gameplay investigativo. Para quem já jogou algum 'Persona', vai se sentir em casa com certas peculiaridades na jogabilidade de algumas partes do game. É exatamente neste ponto em que o anime peca um pouco: a investigação. Na visual novel nós temos que investigar as cenas e interagir com os cenários das mais diversas formas, já o anime nos passa toda a investigação da forma mais corrida possível e já vai direto para o Julgamento Escolar, onde o culpado será descoberto (ou não). Claro que eu não posso querer comparar algo deste tipo em um jogo e um anime, mas eu acho que ficaria muito mais interessante se deixassem o processo de investigação das mortes e cenas dos crimes bem mais lento, e colocando pelo menos dois episódios para cada investigação, e não na metade de apenas um. Mas enfim, como serão apenas 13 episódios era de se esperar, e o anime está conseguindo correr bem mesmo assim.

 Vamos agora para a história em si, que é loucura total. Naegi Makoto é um estudante aparentemente normal que está indo para o seu primeiro dia nesta escola ultra mega especial chamada Academia Cume da Esperança (traduzindo é algo bizarro assim), mesmo sem entender o porquê disto. Afinal, naquela escola só entram aqueles estudantes que têm algo de muito especial a oferecer para a humanidade. Daí ele chega na escola, ou melhor, em frente ao portão principal desta e percebe que tudo está fechado. Mas o convite dizia que aquele seria o primeiro dia de aula. Então, sem mais nem menos, ele leva uma paulada na cabeça e desmaia. Quando acorda está dentro de um ginásio onde mais 14 estudantes mega estranhos estão, aparentemente, esperando algo acontecer.


 Do nada aparece um mini urso (que parece ser de pelúcia) com um lado branco e outro preto - exageros à parte, mas percebe-se que o lado branco tem olho e metade de uma boca que mostram uma aparência feliz e tranquila, já o lado preto tem um olho malvado e outra metade da boca com um sorriso maléfico. Então, podemos interpretar isso como racismo. Mas daí entraríamos em todo um debate cultural que envolveria muitos pontos e alguns exemplos que sempre mostram a cor escura como o sentido de algo ruim, como 'magia negra' por exemplo. Então, não irei discutir isso, mas claro, é bom ser crítico nestes pontos e sempre estar atento a estas coisas que podem parecer simples, mas que ocultam muitas mensagens subliminares. Certo?

 Este urso maquiavélico tem um plano. E logo que surge se apresenta como Monokuma, alertando para todos os 15 estudantes ali presentes que estes encontram-se num jogo. Mas não um simples jogo. Monokuma explica que ele, como Mestre do Jogo e Diretor da Academia Cume da Esperança, tem o direito sobre a vida de todos os estudantes, e estes terão que fazer o que ele quer, senão simplesmente morrem como punição. E o que ele quer é o seguinte: os 15 estudantes estão presos na Academia, que é totalmente trancafiada, e para sair dali terão que matar uns aos outros. Mas aí é que está o maior problema: apenas um poderá deixar o local, afinal este será o único sobrevivente. Mas em meio a esse caos, o Monokuma avisa que se eles quiserem viver ali para sempre num falso pacifismo, podem ficar sem problema algum, pois a Academia irá prover habitação e comida para o resto de suas vidas. Nunca irá faltar nada, além do fato do local ser altamente luxuoso.

 Mas claro que tudo não seria assim tão perfeito, e o Monokuma logicamente iria logo incitar os jovens ao primeiro assassinato. Com promessas de recompensa para quem conseguir matar e sair ileso de culpa, as coisas mais bizarras irão acontecer em diversos eventos e arcos que sempre levarão a muitas mortes, investigação pesada nas cenas dos crimes e, sempre ao final de uma investigação, um julgamento num verdadeiro tribunal. Daí a regra é clara (uma das, afinal o jogo é repleto de regras a serem seguidas): se o culpado for revelado, somente ele será punido, mas, se errarem, todos serão punidos e apenas o culpado sairá ileso. Ou seja, no final ainda precisam pensar juntos para desvendar os inúmeros quebra-cabeças, senão irão morrer certamente. É sempre uma tensão absurda em cima dos estudantes, e o caos sempre paira na Academia.


 Um ponto que eu queria muito comentar é sobre o design dos personagens, e como nenhuma das personalidades ali presentes pode ser considerada 'normal'. Todos os personagens exalam bizarrices e suas aparências são muito exageradas: cabelos dos mais variados, muitos músculos, olhos coloridos da mesma cor da roupa, gordura abissal, roupas que parecem ter vida própria, etc. Tem de tudo. E sobre as personalidades, é tudo mais exagerado ainda, além de mega caricatas. Vai do super riquinho metido, à mega vaidosa e burrinha, ou do motoqueiro machão, à literal gothic lolita. Tem até serial killer com múltipla personalidade. Neste anime você realmente irá encontrar de tudo! São muitas surpresas. Mas o personagem que realmente merece mais atenção é o próprio Monokuma, o urso psicopata. Eu nunca tinha visto algo tão bizarro numa história. Totalmente bipolar (outro fator que indica a divisão das cores e expressões), ele parece muito feliz em certos momentos para, do nada, decidir que alguém precisa morrer da forma mais cruel possível. Ele não perdoa nada nem ninguém, além de ser o mais frio e calculista possível. Já o Naegi, o estudante protagonista, é totalmente o oposto: sem graça alguma. É o estudante de personalidade mais 'normal' do grupo, com uma aparência simples, porém com uma inteligência que pode ser dita como superior. Eu creio que ele foi colocado como protagonista exatamente para ter esse equilíbrio, ou melhor, uma neutralidade entre tudo que acontece na Academia. Além de ser aquele personagem que vai durando até o final, sendo o centro e sempre neutralizando lados opostos. É como um foco e pronto.

 As partes mais legais, aviso logo, são as que ocorrem a partir dos julgamentos. Seria então o julgamento em si e os momentos ápices do Monokuma, quando ele pune o culpado com as torturas mais loucas e inimagináveis. O legal na parte da punição é que todo o processo é apresentado como um desenho à lápis ambulante. É um choque de técnicas com uma música de fundo diferente. E isso me lembra que eu deveria já ter comentado uma coisa: o sangue nunca é vermelho, mas sempre rosa (em todos os momentos que aparece sangue). Isso é bem interessante pois, mesmo em cenas violentíssimas, tudo parece estar mais ameno porque o sangue espalhado ali é rosa. Nunca havia tido uma experiência assim e creio que é uma forma diferente de observar as coisas. O engraçado é que realmente muda nosso ponto de vista nas cenas e acaba por tornar tudo mais pacífico de certa forma. Mas é aí que entra a jogada de mestre de Danganronpa. Ele não quer simplesmente chocar porque coloca jovens uns contra os outros num jogo de vida ou morte. A história e seus extremos exageros servem para distorcer tudo e acaba realmente sendo não só aterrorizante como também engraçadíssima. É uma faca de dois gumes a todo momento. Você sente a tensão dos estudantes enclausurados naquela armadilha, mas ao mesmo tempo se deixa levar pelas loucuras dos ambientes. É estranho, mas só vendo ou jogando pra entender.


 Sobre a trilha sonora, eu acho-a simplesmente divertidíssima, mas claro que há aquelas feitas para momentos mais tensos. Mas, no geral, são músicas mixadas que permeiam entre jogos 8 bits e uma música eletrônica moderna. As Aberturas e o Encerramento são ótimas, mesmo. Viciantes, na verdade.

 Até o momento (episódio 11), não vi a qualidade do anime diminuir em relação ao traço. Na verdade não diminuiu em relação a nada. Só algumas coisas que parecem correr mais e mais, mas isso é realmente algo necessário para o número de episódios proposto. E sobre o enredo, o suspense só aumenta a cada episódio e revelações sempre pipocam na tela, principalmente as revelações finais, que provavelmente irão conter coisas que você já desconfiava (ou não, depende). Mas de qualquer forma, a história mais louca possível torna-se uma das mais interessantes já escritas.

 Falando novamente sobre a visual novel psicodélica, esta tem uma continuação chamada 'Super Dangan Ronpa 2: Farewell Despair Academy', com mais personagens excêntricos e um novo ursinho (ou seria ursinhA? hahahahaha!). Espero MUITO que o jogo também tenha um anime, e eu realmente acredito que isso irá acontecer, pois não só o primeiro game mas o próprio anime deste fazem muito sucesso no Japão (e fora dele).

 Então é isso. Mais um anime "fora de contexto" para a degustação de vocês, e espero que o assistam, joguem a visual novel e, claro, curtam tudo isto. Abraços e até o próximo post revolucionário!



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