domingo, 27 de outubro de 2013

Gone Home - uma experiência gamística que você nunca viu igual! *-*


 Não é surpresa alguma que o mercado indie de games tem nos surpreendido com inúmeras experiências marcantes, ou seja, com games que dão de mil a zero em super produções AAA. Fato! Aí, quando eu acho que, mesmo com jogos muito bons, eu não veria algo realmente "diferente" tão cedo vindo dos indies, me aparece Gone Home. Que jogo é esse!? Assim que ele lançou, muita falação pipocou dos maiores sites especializados em games, todos sendo unânimes em suas excelentes notas. Eu fiquei "Peraí, sério!?". Eu não via isto desde Braid, que realmente é incrível. Nem Amnesia: The Dark Descente ou FEZ gerou tanta repercussão na crítica recentemente, daí um jogo que pouquíssimas pessoas ouviram falar, do nada, sai ganhando o amor eterno da crítica (chata) especializada? Eu precisava jogar isso, logo! O problema é que com fama vem o preço alto. Claro. E o game, mesmo estando com um precinho salgado para um indie (por volta de R$ 37/40 reais), parecia valer a pena. Mas como eu não havia testado uma demo, ou falado diretamente com quem o experimentou, eu não pagaria isso. Então esperei e esperei e FINALMENTE o game entrou em promoção na Steam. E foi chegada a hora! Vamos à análise surpresa.


 Gone Home é aquele tipo de jogo para um grupo específico. Aviso logo. Não é todo mundo que vai gostar, mesmo. É um game diferente de tudo que você já possa ter visto. Se já jogou Dear Esther, saiba que se aproxima um pouco, mas aqui temos muito mais exploração e interação, ou melhor, muito mais emoção envolvida. E já que falei de Dear Esther, vale ressaltar que Gone Home fora feito pelo mesmo grupo que o criou, em parceria com alguns membros da equipe envolvida com o já clássico Bioshock. Você quer coisa mais fenomenal!? Praticamente impossível. Gone Home parecia algo sobrenatural, tanto na sua criação quanto pela atmosfera mostrada nos trailers, e realmente nos dá um susto. Mas um susto bom!

 Aqui você terá uma casa (ou melhor, mansão) situada no contexto dos Anos 90 (mais especificamente em 1995), e na perspectiva de primeira pessoa você controlará uma garota (Katie) que acabou de chegar de uma viagem (intercâmbio, aparentemente) pela Europa. O tempo está tempestuoso, literalmente, e uma chuva incessante cai lá fora. Suas malas estão no chão da varanda e você quer entrar, ver os seus pais, a sua irmã mais nova. Mas, espere! Há um recado na porta. Algo aconteceu. Quem é Sam? Numa casa estranha (através de cartas e outras interações você descobre que a sua família mudou-se para lá durante o período em que você esteve na Europa), e através de muita interação com narrativas altamente realistas e marcantes da sua irmã mais nova, Samantha, você acaba realmente adentrando o ambiente. Você é Katie e você está realmente assustada com todo aquele vazio e solidão repentina.

 Katie (ou melhor, você que joga) começa de cara a explorar o cenário. Tudo aqui é exploração, e eu adoro isso, fato.  Exploração e, do nada, uma narração com a voz da Sam (sua irmã) irá surgir explicando situações e, com isso, nós iremos descobrir o que bulhufas está acontecendo ali. Claro, aos poucos. A cada achado importante, a voz de Sam irá explicar alguma coisa de interessante em sua vida que ocorreu enquanto Katie estava na Europa (e sim, MUITA coisa aconteceu!). Tudo está meio bagunçado. Muitas cartas pelo ambiente e fitas cassete espalhadas pelos cômodos (ouça todas, recomendo!).


 O game possui também alguns puzzles, mas aqui não há linearidade alguma. A mansão é enorme e, se você não quiser explorar TUDO (cada gaveta, almofada, travesseiro, etc), pode pular uma coisa aqui e aculá, mas eu não recomendo, pois há muitos detalhes ocultos que irão revelar fatos muito interessantes da história. E Gone Home é isso, história! Sem isso, o jogo seria simplesmente um adventure que queria ser algo. A narrativa é impecável. A voz da Sam é tão emotiva, tão envolvente, e sua história....NOSSA! Eu nunca pensei que me envolveria tanto com a história de uma adolescente. Eu ficava imaginando a cara da Katie quando descobria o fato, afinal era a sua irmã mais nova ali naquelas situações. A Katie não tem voz no jogo (só respiração, uns sustinhos, etc). A estrela (e protagonista, ao meu ver) é a Samantha mesmo.

 Todos os personagens, ou seja, a família, só será vista em fotografias e as diversas cartas e anotações, livros, etc, é que irão explicar tudo pelo que estavam passando. Isso é outra jogada de mestre do jogo. Incrível! Eu nunca vi algo ser tão bem explicado de forma tão abstrata. Sério! Não tinha ninguém me contando aqui, ou seja, o pai das garotas por exemplo, não estava ali falando dos seus problemas, eu li tudo através de cartas e livros e fiquei surpreso por saber tanto desta forma. Maestria em roteiro isso, nossa.


 Há alguns momentos tensos, e você imagina coisas. O jogo adora te pregar pequenos sustos e fazer você pensar que tem algo de muito errado em certa situação, mas sim, talvez haja. Mas adianto que isso não é um game de horror, nem de fantasia. Não. Isso poderia muito bem ser a história de uma família real, com certeza! Gone Home é um drama muito bem escrito, e, por que não, uma história de amor? Diria que também. Tem de tudo aqui. E eu continuo recomendando ele. Jogue, jogue, jogue! (hahahahahah!). Jogue-o!

 Outra coisa que me deixou pasmo, além da narrativa, foi a trilha sonora que nem é tão presencial, mas te coloca no ambiente da maneira mais perfeita possível. Palmas para Chris Remo, que soube ir direto ao ponto com uma soundtrack perfeita e muito simples. E quem reclamar é porque não se envolveu o suficiente com o jogo para perceber estes detalhes, sério. Mas sim, não há como não se envolver com Gone Home. É um jogo emotivo demais para simplesmente deixar de lado. Até para quem não gosta de adventure-exploração, vai enxergar isso aqui como um filme ou seriado que fora muito bem aproveitado pelo roteirista. Pois, sim, é o game mais não-game que eu já tive o prazer de jogar até hoje. E sei que muitos vão reclamar, como reclamaram com Heavy Rain (PS3), com Dear Esther, com Beyond: Two Souls (PS3) e até com Metal Gear Solid 4 (PS3) por causa das suas cutscenes demoradas. Sabe o que eu acho? Eu chamo isso de frescura. Se sabe que o game é assim, como foco na narrativa, emoção e, principalmente, história, por que jogar então? Se acha que realmente não gosta e nem quer tentar, não jogue então, pronto. ;)


 Eu queria mais Gone Home. O único defeito do jogo, se é que posso chamar isso de defeito, é que ele acaba muito rápido. Eu terminei ele em 3 horas. Fiquei "Quero mais!", droga. Mas aí você percebe que tinha que ser assim mesmo. A história me foi contada e eu entendi tudo perfeitamente, e isso basta, pois o trabalho do game fora feito. Eu explorei a casa toda, mesmo, mas meio rápido, pois eu estava tão ansioso para saber mais e mais e querer abrir mais cômodos e cofres/armários, que eu acho que possa ter corrido. Creio que ainda ficou coisa para ler, e para abrir, pois como falei tem muito detalhe a ser descoberto. Mas eu jogarei novamente, com certeza. Eu quero dissecar o game por inteiro, pois este merece, e sentir tudo aquilo novamente só me fará bem. A história, repito, é muito bonita e interessante. Vale a pena.

 Não poderia esquecer-me de falar de outros personagens que farão presença nas cartas, anotações, etc. Daniel, Lonnie, e alguns outros, farão você perceber que realmente tudo aquilo podia ser real. Mesmo o jogo não tendo ninguém, afinal nem a própria Katie aparece (já que estamos em primeira pessoa), parece que temos todo um contexto formado. E realmente temos. Os personagens parecem estar ali, te dando dicas de suas vidas, ou melhor, falando com você diretamente. É muito legal. Isso que faltou em Dear Esther. É um jogo bem emotivo e com uma excelente narrativa, mas ali nos sentimos tão sozinhos que dá medo. É uma sensação ruim e até agonizante. Você não sente vontade de continuar por ali naquela ilha (Dear Esther se passa numa ilha deserta e meio mal assombrada), e acaba que pode até abandonar o jogo.


 Graficamente o jogo é bem polido, apresentável e sem reclamação alguma. Eu adorei. E nem precisava ser top de linha mesmo, afinal aqui o que conta é o que você irá escutar e ler, não a engine gráfica para te fazer pular os olhos. Mas mesmo assim adianto que os gráficos são ótimos. Outra coisa que não poderia deixar passar batido é o fato do jogo ter uma atmosfera altamente geek. Tudo que diz respeito aos hits daquele momento, por assim dizer, seja no universo televisivo ou do cinema, ou dos games(!) estarão aqui praticamente. É muita homenagem, mesmo! Tem Arquivo-X, tem Pulp Fiction, Blade Runner, tem muito Super Nintendo, Street-Fighter, etc etc etc. Tudo muito bem colocado, e que só te inspira a correr atrás de mais "citações". Além dos cartões postais que a própria Katie havia enviado da Europa, daí ficamos a conhecer vários cenários. É tudo muito rico em detalhes.

 E já basta de tanta faladeira. O jogo é curto e eu acho que já falei até demais. Mas não se preocupem, não soltei spoiler algum. A surpresa mór ainda está lá à sua espera. Mesmo! Na pele de Katie, corra por todos os cômodos, fique feliz, fique triste, fique surpres@ e descubra o porquê de tudo estar "daquele jeito". Eu queria um Gone Home 2, e esperança é a última que morre. Mas eu acho que há um certo potencial para uma continuação. Será? Quando terminar o jogo pense bem nisso.

 Abração e até o próximo post revolucionário!


2 comentários:

  1. Daniel, a esperança é a última que morre, mas a primeira é a paciência!!

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    1. hahahahahahahaha, é exatamente a falta de paciência que tem levado muitos à falta de esperança. Como eu sou uma pessoa repleta de ambas: paciência e muita esperança, não posso ficar mesmo falando da matança delas. ;)

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